A obesidade é uma doença crônica e estigmatizante. Tornou-se um problema de saúde pública na maioria dos países industrializados por estar associada a grande morbidade e elevação da mortalidade.
No Brasil, estudos epidemiológicos mostram que a incidência da obesidade vem crescendo, estando 40% da população adulta com excesso de peso. A última pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que 8,9% dos homens e 13% das mulheres são obesos mórbidos em nosso país.
A obesidade é definida como excesso de gordura corporal em relação a massa magra. A reserva da gordura aumentada resulta do desequilíbrio crônico entre ingestão alimentar e gasto de energia.
Fatores genéticos e ambientais estão implicados no aparecimento da obesidade, embora fatores psicológicos e socioculturais também desempenhem um papel importante no seu desenvolvimento.
O excesso de peso está relacionado a inúmeras complicações, cuja gravidade muitas vezes é diretamente proporcional ao grau de obesidade, levando à redução da qualidade de vida e ao aumento dos custos em saúde pública.
As doenças mais comuns relacionadas a obesidade são: Diabetes mellitus, hipertensão arterial, doença cardiovascular, dislipidemia, doença do refluxo gastroesofágico, cálculo biliar, problemas respiratórios e doenças articulares. Outras complicações incluem falta de habilidade para atividades diárias, imobilidade, problemas psicossociais e econômicos.
O tratamento da obesidade consiste em uma abordagem multidisciplinar com participação de médicos, nutricionistas e psicólogos. O tratamento poderá ser não farmacológico, farmacológico ou cirúrgico.
A melhor escolha terapêutica dependerá essencialmente da avaliação multidisciplinar inicial, da gravidade e das comorbidades. O tratamento não farmacológico da obesidade consiste em estratégias dietéticas como; dietas pobres em gorduras e carboidratos, além da inclusão de aconselhamentos, restrição calórica, terapia comportamental e atividade física, independente do paciente ser candidato ao tratamento farmacológico ou cirúrgico.
Uma boa orientação nutricional, um programa de exercícios e modificação de comportamento continuam sendo medidas essenciais para a perda de peso, entretanto devemos considerar o uso de medicamentos dependendo da avaliação sobre os riscos do paciente se manter com excesso de peso.
Existem inúmeras drogas para emagrecer que possuem mecanismos de ação variados. É extremamente importante conhecer a maneira como agem, pois a escolha mais apropriada para cada caso evitará possíveis efeitos colaterais do medicamento.
Para a obesidade avançada e grave ou obesidade com comorbidades, a melhor opção é o tratamento cirúrgico. A cirurgia bariátrica está indicada para os pacientes com IMC ≥ 40Kg/m² e que tentaram tratamento clínico por mais de 2 anos consecutivos sem sucesso ou pacientes com IMC ≥ 35Kg/m² , mas que apresentem pelo menos uma das principais comorbidades: diabetes mellitus, hipertensão arterial, problemas respiratórios ou artrose.
As técnicas cirúrgicas empregadas são divididas em restritivas ou disabsortivas, com variável restrição da capacidade gástrica. Na cirurgia restritiva, a câmara gástrica (estômago) é acentuadamente estreitada e diminuída, criando obstáculo mecânico para a ingestão de grandes volumes de alimentos. Na técnica disabsortiva, como o nome já indica, interferem fundamentalmente na digestão e absorção dos alimentos, permitindo em contrapartida uma ingestão mais generosa. Os Pacientes perdem em média de 45 a 75% do excesso de peso ou 30 a 40% do peso inicial, dependendo da técnica realizada.
É importante ressaltar que a cirurgia é apenas uma parte de uma estratégia multidisciplinar para tratar a obesidade grave. O acompanhamento deve ser durante toda a vida, incluindo a monitorização de complicações nutricionais e metabólicas, além de orientações de mudança de vida para a prevenção de novo ganho de peso.